lunes, 18 de abril de 2011

MORTE SUBITA EM ADULTOS

 Morte súbita entre adultos jovens é geralmente ligada ao uso de cocaína ou abuso de metadona, mas um novo estudo mostra que mais de metade destas mortes é resultado de causas naturais.
“Presume-se que muitas das mortes em pessoas mais jovens são relacionadas a drogas – especialmente quando há uma história de uso de drogas e uma autópsia não é realizada”, relatou Zhaohai Yang, médico residente no Departamento de Patologia, University of Alabama em Birmingham, em uma sessão de pôster aqui no Encontro Anual de 2007 da American Society for Clinical Pathology (ASCP).
“O estudo foi realizado para entender as causas de morte súbita inexplicada entre adultos jovens e descobrimos que pelo menos metade não foi relacionada a drogas”, contou o Dr. Yang ao Medscape Pathology.
O estudo de caso de autópsia com duração de 3 anos identificou causas anatômicas de mortes em indivíduos jovens (com ≤40 anos) sem doença médica de conhecimento significante que sofreram morte súbita inesperada não-traumática.
De acordo com os Relatórios Nacionais de Estatísticas Vitais publicados em março de 2007, os pesquisadores relataram que acidentes são a maior causa de morte em indivíduos com idades entre 15 e 44 anos, contabilizando 19% a 49% do total de mortes. Dos 781 casos revisados nesta série, 22 casos (17 homens e 5 mulheres entre 14-40 anos) se encaixavam nos critérios do estudo.
Dos 22 casos, 45% morreram de intoxicação por drogas e 55% por causas naturais. Embora a doença arterial coronariana tenha contabilizado 27% das mortes relacionadas ao coração, anomalias cardíacas congênitas, doença do sistema de condução, e leves anomalias cardíacas estruturais foram os principais achados em 73% das mortes relacionadas ao coração.
Dez mortes (45%) na série tiveram um exame de triagem de drogas positivo para drogas ilícitas e a toxicidade das drogas foi considerada a maior causa de morte. Causas anatômicas foram identificadas nos 12 casos (55%) restantes.
Doença cardíaca foi a causa de morte número um, contabilizando 11 mortes (50%).  Houve 3 mortes por doença arterial coronariana/infarto agudo do miocárdio, 5 por fibrose do miocárdio/cardiomegalia sendo as mortes provável por arritmia cardíaca, uma morte por cardiomiopatia (sarcoidose sistêmica com envolvimento extenso do coração) e duas mortes por doença cardíaca congênita (uma morte por valva aórtica bicúspide e ausência de artéria coronária circunflexa esquerda e uma por displasia da artéria do nódulo atrioventricular).
Uma pessoa morreu de tromboembolismo pulmonar.
“A se notar, uma história positiva de drogas foi relatada em 8 casos; 6 destes indivíduos morreram de intoxicação por drogas, mas 2 possuíam exame de triagem de drogas negativo e morreram por causas naturais”, escreveram em seu resumo o Dr. Yang e a autora sênior Stephanie D. Reilly, médica, também da Univerity of Alabama. “Mesmo em pacientes com história de abuso de drogas, uma parcela significante tinha uma condição médica não suspeita como causa de morte.”
Além disso, 4 pacientes que possuíam história negativa de drogas tiveram uma morte relacionada ao uso de drogas.
“Isto significa que uma história de droga negativa não exclui a toxicidade por droga como uma possível causa de morte”, contou a Dra. Reilly ao Medscape Pathology.
“Entre as drogas detectadas, a cocaína e o diazepam são bem conhecidos por apresentar toxicidade cardíaca, enquanto a metadona altera o intervalo QTc”, os pesquisadores escreveram no pôster. “Anomalias cardíacas leves foram detectadas naqueles que morreram por abuso de drogas; entretanto, não se sabe se elas apresentaram um efeito aditivo”.
O Presidente da ASCP Lee Hilborne, médico e professor de patologia e análises clínicas na David Geffen School of Medicine da University of California, em Los Angeles, disse em uma entrevista ao Medscape Pathology que “Um dos valores da autópsia é que ela pode identificar a causa de morte e revelar achados médicos que podem não ter sido levados em consideração durante a vida da pessoa e que podem ajudar a família”.
Embora um pouco mais de metade das mortes serem resultado de problemas médicos não detectados, ele disse “o resto foi relacionado a drogas – você não pode ignorar que estas drogas tiveram conseqüências adversas diretas”.

Dr. Douglas Araújo  -  Médico legista

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