martes, 19 de abril de 2011

NEGOCIADORES E NEGOCIAÇAO EM SITUAÇAO DE STRESS

Baseado no capitulo "Conflit and Stress Management" do livro "Management"
Índice # Introdução
# Gestão de Conflitos
# Conflito e Ambiguidade do Trabalho
# Estilos de Gestão e de Conflitos
# Negociação e Gestão de Conflitos
# Gestão de Stress

Introdução

Desde pequenos que somos confrontados com situações quer de conflito, quer de stress. Inicialmente essas situações são pouco significantes mas, assim como as pessoas crescem, também crescem os seus problemas.

De certeza que pela vossa vida fora vocês vão ter muitas situações onde vão necessitar de alguma forma saber reagir a um destes problemas. Porque não começar a aprende-lo já antes que seja tarde demais?



Gestão de Conflitos



O que o conflito?

Basicamente todos sabemos o que é um conflito. A dificuldade surge quando temos de o definir.

Efectuando como que uma tradução a letra da definição encontrada no livro "Management", podemos definir o conflito como sendo:

"A oposição que surge quando existe um desacordo dentro ou entre indivíduos, equipas, departamentos ou organizações"

E, independentemente dos tipos de divergências de onde pode resultar, podemos dividir o conflito em 3 tipos:

Conflitos de Objectivos;
Conflitos Cognitivos;
Conflitos Afectivos;

Tipos de Actuação face a Conflitos

Independentemente do tipo de conflito que se esteja a enfrentar, existem três tipos formas actuar perante um conflito:

Negativas;
O indivíduo tenta evitar a todo o custo qualquer tipo de conflito ou
O indivíduo tenta utilizar o conflito de uma forma que leva a uma competição intensiva.

Positivas;
O Indivíduo tenta manter sempre um conflito
O Indivíduo quer que esse conflito seja um conflito construtivo

O indivíduo graças a esse conflito vai tentar descobrir as diferenças de opinião entres os diversos participantes.

Equilibradas.
Distingue-se da atitude denominada positiva, pelo facto de se tentar encontrar um ponto de equilíbrio entre os dois tipos anteriores quando se verifica que qualquer conflito pode ter resultados negativos quer para a empresa/organização ou para as próprias pessoas envolvidas.
Esta medida permite reduzir a ambiguidade e o conflito no trabalho.



Conflito e Ambiguidade do Trabalho


Definição de Trabalho

Trabalho é o conjunto de tarefas e actividades que um indivíduo é suposto desempenhar

O Conflito no Trabalho ocorre quando uma pessoa está sujeita a pressões ou expectativas muito elevadas e/ou inconsistentes.

A Ambiguidade do trabalho ocorre quando:

Não existe informação adequada;
A informação que chega ao indivíduo não é propriamente a que essa pessoa necessitava para desempenhar a sua tarefa o que, obviamente, conduz a uma ambiguidade do trabalho a desempenhar.
A informação é confusa ou incompleta;
A Informação transmitida ao indivíduo não revela os pormenores mais importantes para que a tarefa seja realizada sem existirem duvidas de que de facto o trabalho que estamos a desempenhar é aquele que nos foi mencionado.
Não se sabe as suas consequências;
Quando não se conseguem saber os resultados quer para a própria pessoa, quer para a empresa, de se realizar certa tarefa, a ambiguidade aparece novamente.
Quando surge um conflito no trabalho, possivelmente, ele enquadra-se em uma das seguinte categorias:
Conflitos Intrapessoais;
Quando o conflito que temos diz respeito a apenas uma pessoa (o nosso chefe, um colega ou outro membro da nossa organização)
Conflitos Interpessoais;
Quando o conflito existe para com varias pessoas dentro da organização.
Como exemplo apresenta-se a seguinte situação: O Director de Vendas comunica ao indivíduo que pretende que se tenha pronta mais quantidade do produto mas, o Director de Marketing necessita que o produto seja muito mais testado de forma a não ter falhas.

Conflitos com outros trabalhos;
Quando existem outros trabalhos/tarefas dentro ou fora da organização, que não possibilitam que o trabalho seja efectuado devidamente.
Conflitos entre necessidades e valores.
Quando o que necessitamos para cumprir o objectivo do nosso trabalho entra em conflito com a nossa personalidade e os valores que prezamos, estamos sem duvida face a um Conflito entre necessidades e valores.
Como exemplo suponha que com um objectivo de aumentar a produção vamos lançar no mercado uma quantidade elevada de produtos em estado deficiente. Esta situação pode levar à existência de um conflito deste tipo.



Estilos de Gestão e de Conflitos
Quando se trata de resolver um conflito, existem diversas maneiras de o abordar. Analisando essas abordagens podemos dizer que, na sua essência existem Cinco estilos de gestão de Conflitos:

Estilo "Evitar"
Consistem em tentar evitar a existência de conflitos.
Chega-se a dá-se razão a outra parte, mesmo que esta não a tenha, só para que esse conflito não apareça.

Este estilo, apesar de parecer pouco interessante revela-se positivo quando:

Os assuntos são pouco significantes;
Existe falta de Informação pelo que não convém tomar certas atitudes que podem-se revelar erradas;
A falta de Poder que temos não nos possibilitas que a nossa posição seja tida em consideração;
Existe outro indivíduo que consegue resolver melhor este problema
Estilo "Calmo"
Permite a existência de conflitos mas sem haver grandes discussões sobre o assunto.
Quando o conflito se torna um pouco mais elevado, facilmente desiste da sua posição.

São condições para que este estilo seja utilizado com sucesso:

Existir uma carga emocional elevada entre as partes envolvidas
Ser fundamental que a harmonia se mantenha
O conflito existente basear-se na personalidade de cada um e não nos objectivos ou meios utilizados.
Estilo "Ditador"
Como o próprio nome indica, o funcionamento deste estilo, é a base da ditadura.
Independentemente da opinião dos outros envolvidos, o "Ditador" tem de "vencer" sempre.

Parecendo um estilo totalmente a reprovar, existe pois algumas situações onde a sua utilização se revela benéfica.

A emergência da situação em que nos encontramos implica uma acção imediata;
É necessário tomar medidas pouco populares que vão contra a posição dos outros elementos.
As consequências de uma "derrota" são muito elevadas especialmente para nos.
Estilo "Compromisso"
Difere do estilo "Ditador" pelo facto de permitir que exista um compromisso entre o que pretendemos e o que os outros pretendem.
Exemplos de situações onde este tipo de acção se torna eficaz são:

A existência de um acordo é preferível a este não existir;
Não será possível levar a avante a nossa posição pois sabemos que não nos é possível ganhar;
Os pontos de vista existentes são muito diferentes.
Estilo "Colaborativo"
O estilo Colaborativo consiste, como o próprio nome indica em colaborar.
Basicamente tentamos chegar a um acordo comum entre todos que minimize as perdas para todas as partes envolvidas.

Este tipo de atitude é muito útil quando:

O objectivo é o mesmo apenas existe uma divergência na forma como o obter;
Existe necessidade de se obter um consenso
A solução a que devemos chegar necessita de ter muita qualidade;
Mas, apesar de parecer muito nobre, existem algumas situações que não se devem resolver com base neste método.
O tempo que dispomos é muito curto não permitindo amplos debates;
Existe a possibilidade de aparecerem aspectos negativos de elementos do grupo;
A tomada de uma acção desse tipo seria ma vista pela empresa caso se trata-se de uma empresa cuja gestão se basea-se em métodos antiquados.

Negociação e gestão de conflitos



Definição

Negociar é o processo necessário que os indivíduos com objectivos comuns ou divergentes, usam para apresentar e discutir propostas para atingir um acordo.



Características

Implica envolvimento de 2 ou mais entidades
Não são apenas os gestores que têm que negociar, são todas as pessoas. Os filhos com os pais, a mulher com o marido, etc.
Divergências em pelo menos um aspecto
Se não houvessem diferenças entre as entidades envolvidas, não haveria necessidade de negociar. Essas diferenças costuma surgir quando há diferentes objectivos ou diferentes formas de os atingir.
Partilha de aspectos comuns
É extremamente necessário que as entidades envolvidas tenham alguns interesses em comum, que partilhem alguns objectivos. Porque se não for assim, dificilmente chegarão a um acordo, ou quando conseguir chegar a algum acordo, já não haverá resultados positivos a tirar desse acordo.
Por exemplo, entre 1994 e 1995 houve uma greve de jogadores de basebol nos EUA, que durou meses, simplesmente porque nenhuma das partes se preocupou com os interesses mútuos, mas sim, apenas com os seus próprios interesses.

É um processo sequencial
As partes envolvidas apresentam à outra parte, propostas e contrapostas, no sentido de chegarem a um acordo. Durante todo o processo de negociação haverá troca de informação, e deverá haver flexibilidade, confiança e responsabilidade, para que se chegue a um verdadeiro acordo.
Implica uma solução partilhada
A solução que resulta de negociação, pode envolver a partilha de recursos relativos às duas partes, como é o caso de um acordo laboral, onde há por um lado o recurso horas de trabalho e a produtividade que interessa à organização e do outro estão os pagamentos e benefícios para os trabalhadores.

Diagnosticar a situação: 6 questões a ter em conta
Primeiro que tudo devem ser diagnosticadas as questões que criaram a necessidade de negociação. Isto é muito importante porque a falha no diagnóstico da situação, pode causar hostilidade durante o processo e consequente fracasso. Para diagnosticar a situação devem ser respondidas algumas questões, tendo em conta as causas, mais do que as personalidades envolvidas. No mínimo, deveram ser encontradas respostas para as seguintes 6 questões:

O que se quer? É isso mesmo?
O que se acha que a outra entidade quer ou precisa? De certeza?
Há divergências relativamente a factos, objectivos, métodos ou funções?
O que se perde se o conflito reinar?
Que objectivos são partilhados por ambas as partes?
Se se decidir a colaborar durante a negociação, quais os primeiros passos a dar?

Negociação e estilos de conflitos

A relação existente entre negociar e os estilos de conflito, é bastante interessante e não deve ser desprezada, pois há estilos que ajudam ou pioram a negociação. Se não, vejamos o caso tradicional, onde cada parte envolvida fazia sempre uso do estilo "ditador", cedendo apenas em última instância, com algum compromisso.

É portanto, evidente que o estilo colaborativo é o que produz melhores resultados na maioria das negociações. A seguinte frase de Leornard Greenhalgh (professor de negociação no Dartmounth's Tuck School of Business Administration) ilustra bem o contrário da filosofia tradicionalista: "Os gestores precisam de fazer negócios, baseados nas relações com os outros."

Ou seja, não é estranho, o uso dos vários estilos de gestão de conflitos durante as negociações. Principalmente se os estilos colaborativo e compromisso dominarem o processo, e neste caso normalmente chega-se a soluções positivas para ambas as partes. É ainda aconselhável o uso do estilo calmo, para ceder em alguma situação que seja muito importante para a outra parte, e pouco penosa para a nós.

Em contrapartida ao estilo "ditador", pode ser usado o estilo compromisso quando nenhumas das partes consegue fazer valer a sua solução. Neste caso pode ainda recorrer-se ao estilo "evitar", deixando para futuras negociações os pontos de discórdia.

Usando de novo a exemplo da breve dos jogadores de basebol, a negociação durou meses, porque as duas partes (jogadores e clubes) usavam o estilo "ditador", querendo apenas impor a sua própria solução, causando hostilidade.



Mecanismos para resolver impasses

Durante as negociações poderão ser usados 5 mecanismos para ajudar a evitar, reduzir ou resolver impasses no processo. Estes mecanismos são apenas uma ajuda à resolução, mas não substituem a negociação.

Arbitragem voluntária: as entidades envolvidas, aceitarem que certos pontos de discórdia, sejam resolvidos por uma entidade neutra (individual ou colectiva).
Mediador: um elemento neutro, ouvir ambas as entidades, de modo a aconselhá-las com novas alternativas, no sentido de chegarem a um entendimento e colaboração.
Provedor: alguém que ajuda os empregados a apresentar as suas preocupações e que lhes fornece informações de como prosseguir a negociação.
Facilitador: é uma entidade neutra que dá formação e consultoria a cada entidade envolvida, de forma independente e isenta, com o objectivo e ajudar a definir os problemas e a criar alternativas. É normalmente usado antes da negociação.
Tribunal: quando uma ou ambas as entidades apresentam um processo em tribunal, indicando o que a outra entidade fez de errado e o que quer como recompensa. Este mecanismo é desvantajoso, pois cria uma situação de vitória-derrota, provoca uma decisão imposta pelo tribunal, para além dos custos tempo e dinheiro envolvidos.

Dilemas Éticos

Estão presentes em qualquer conflito ou negociação e a sua resolução está claramente dependente do estado de espirito das partes envolvidas no conflito. Um dos dilemas mais comuns é a partilha de informação, por parte duma entidade. Partilhar informação até que nível?

Ou seja, se não são revelados todos os factos envolventes, não é ético, mas se são revelados, pode prejudicar a solução que mais interessa a essa parte. É de facto um compromisso.



Gestão de Stress

Nesta secção, discute-se as causas e efeitos do stress relacionado com o trabalho e o que fazer para tentar geri-lo.



Definição

É a reacção emocional, física e cognitiva que um indivíduo tem, para com uma situação que lhe exige demais dele próprio. O stress, pode ser provocado pela existência de conflitos, de ambiguidades ou ainda de estilos de gestão de conflitos pouco eficientes, como o estilo "ditador". Normalmente o indivíduo não dá conta da reacção que está a ter face às exigências que sofre.



Tipos de Stress

Mas … o stress nem sempre é algo de negativo nem de prejudicial, que deve ser evitado. Como dizia Hand Selye: " Apenas a morte nos separa do stress ". Isto significa que nem todos os conflitos são negativos.

Há que distinguir dois tipos de stress: eustress e distress. O eustress é agradável e construtivo (emoções positivas devido a bons feitos). O distress é por outro lado, desagradável, prejudicial e causador de doenças relacionadas com o stress.

À actividade ou acção que provoca stress, é normal denominar por stressante.



Causas do Stress

Todos tipos de conflitos e de ambiguidade, que anteriormente referimos, são potenciais causadores de stress.

É possível identificar três tipos principais de causas, sendas elas:

O ambiente físico
Os conflitos de trabalho
As ambiguidades de trabalho.
Um elevado grau de stress pode ser causado pela pouca satisfação que um indivíduo tem pelo trabalho que desenvolve, causando o desejo de abandonar o emprego ou ainda um elevado grau de distracção.


Efeitos do Stress

Há cinco principais categorias de efeitos negativos:

Efeitos Subjectivos: ansiedade, agressividade, apatia, falta de paciência, depressão, fatiga, frustração, nervosismo e solidão, de entre outros.
Efeitos Comportamentais: Consumo ilegal de drogas, distúrbios emocionais, excesso do tabaco e de álcool, instabilidade, etc.
Efeitos Cognitivos: Falta de concentração, incapacidade para tomar de decisões, lapsos de memória, etc.
Efeitos Fisiológicos: Aumento da pressão arterial, suores, falta de ar, etc.
Efeitos sobre a Organização: Distracção, más relações, má produtividade, má qualidade do trabalho, insatisfação pelo emprego, etc.
Apesar de ser possível um indivíduo apresentar efeitos em mais que uma das categorias acima indicadas, apenas se torna mais grave a situação quando o stress é frequente e intenso.


Esgotamento

O esgotamento pode ocorrer quando alguém fica sujeito a um elevado grau de stress durante um período de tempo mais alargado. Esta situação é claramente bastante prejudicial para a saúde. Mas não se atinge este nível sem mais nem menos. É resultado de problemas pessoais, no emprego, no trabalho em equipa ou ainda das características culturais da organização onde se insere.

Essas pessoas, normalmente seguem este três estágios:

Confusão, resolução difícil de problemas e aparecimento de frustração.
Frustração intensa e raiva.
Apatia, desordem e perca de esperança.

Acções Individuais - 7 maneiras de gerir o Stress

Para que cada indivíduo saiba gerir o stress é muito importante o conhecimento das causas do stress e das reacções às situações stressantes.

Há 7 acções principais que ajudam a eliminar os efeitos negativos do stress. Se elas:

Clarifique os seus valores: não faça as coisas ao seu ritmo
Melhore a relação consigo próprio: é sabido que todos as pessoas falam consigo mesmas, só que muitas vezes negativamente, prevendo o fracasso. Seja positivista e agressivo consigo mesmo.
Aprenda a relaxar: retire-se para um sitio isolado, confortável e tente relaxar afastando todas as distracções por 10 a 15 minutos.
Faça exercício regularmente: Tente fazer exercício físico pelo menos três vezes por semana.
Divirta-se: A melhor maneira de evitar o esgotamento é divertir-se um pouco de modo a renovar a sua orientação no trabalho e para recarregar as baterias.
Faça dieta: Mantenho o peso e tome sempre um pequeno almoço normal.
Evite as "substâncias": Evite o abuso da tabaco, do álcool e de drogas.

Mudanças de comportamento e de atitude

Muitas das vezes são as atitudes das próprias pessoas perante a situação, que a torna stressante. Se cada indivíduo melhorar o seu comportamento perante as situações, poderá gerir mais facilmente o stress.

Isto pode ser feito, recorrendo aos estilos colaborativo e de compromisso relativamente aos conflitos, para conseguir vencer mais facilmente a pressão causa pelo conflito.



Comportamentos Tipo A e Tipo B

Os indivíduos com um comportamento Tipo A, caracterizam-se por ser agressivos estarem constantemente a tentar fazer mais e mais em menos tempo, passando por cima do que for preciso.

Do outro lado está o comportamento Tipo B, que é mais contemplativo, pouco ou nada agressivo, realista nos seus objectivos e não demasiado critico consigo e com os outros.

Como se pode verificar, os Tipos A e B representam extremos opostos. Mas a maioria das pessoas identifica-se num ponto intermédio.



Retirada estratégica

A maneira mais fácil de reagir face ao stress é fugir das situações. Pode ser através de mudar de departamento, de chefe, de emprego ou até mesmo de carreira.

No entanto, esta estratégia pode não ser a melhor, por se estar constantemente a fugir à realidade, fugindo sempre aos problemas.



Medidas anti-stress na organização

Nas organizações e nas equipas, convém que os gestores sejam capazes de reduzir o número de situações stressantes com as quais os empregados se deparam. Se não as reduzem, convém que pelo menos consigam que os colaboradores se habituem a viver com o stress.

Para tal existem algumas técnicas, tais como:

Definir os objectivos
Fazer com que os empregados participem na definição dos objectivos, ajuda na redução de conflitos e de incertezas face às funções de cada um. Juntando a isto a delegação de responsabilidades ligadas ao trabalho de cada um, ajuda a controlar o stress, pois cada um participa nas decisões em que ele e o seu próprio trabalho são envolvidos.

Dar apoio emocional

O apoio emocional nesta situação, é a preocupação e a confiança que se tem com um indivíduo.

As organizações onde este tipo de apoio faz parte da sua cultura conseguem, com sucesso, que os seus empregados consigam reagir bem às pressões e expectativas criadas sobre o seu desempenho.

O uso dos estilos "calmo", "colaborativo e "compromisso", na gestão dos conflitos, permite criar uma imagem de preocupação e confiança para com o empregado.

Programas especiais

A criação de programas de saúde, de exercício físico, de treino de liderança, de trabalho em equipa e de restruturação do trabalho, são exemplos de actividades que as organizações podem levar a cabo como prevenção de estados avançados de stress.

Dentro deste conjunto de programas especiais, há que dar também importância a programas que flexibilizem o horário dos empregados com situações especiais, tais como pais que têm que levar os filhos à escola, quando ao mesmo tempo já deveriam estar a entrar ao serviço. Este tipo de programa elimina a carga de stress que os pais desenvolvem devido às preocupações com os filhos.

Os programas de saúde são igualmente muito úteis, para prevenir o aparecimento de doenças devido ao trabalho. Programas deste tipo incluem normalmente seminários sobre gestão de stress, redução de peso, deixar de fumar e exercício físico, tal como o aeróbica.

Dr. Douglas Araújo -Médico Legista

lunes, 18 de abril de 2011

Psicopatia

Resumo
O principal objetivo do presente artigo é discutir a abordagem evolucionista da Psicopatia, ou Transtorno de Perso­nalidade Anti-Social (TPAS). São abordados os prin­cipais argumentos desenvolvidos no âmbito da Psi­cologia Evolucionista que tentam evidenciar o caráter adaptativo deste transtorno num ambiente primitivo de interação social. Ao longo do artigo, são enfoca­dos os principais pressupostos vinculados ao para­digma evolucionista e suas implicações na compre­ensão filogenética de um dos transtornos que mais amplamente demanda análises e investigação na es­fera da Psicoclínica. São também discutidas algumas adequações e inadequações do citado modelo e seu valor explanatório para a compreensão da atual pre­valência da Psicopatia.




Observação
Quando se usa somente o termo psicopata, corresponde, na Classificação de Kurt Schneider, ao psicopata sem sentimento, ou frio de ânimo, que não elabora uma Escala de Valores - éticos, estéticos, lógicos e religiosos -. O psicopata também é chamado de Personalidade Psicopática (PP), de [Transtorno de] Personalidade Anti-Social, de Sociopata, de Moral Insanity. Não confundir com a Pseudo-Personalidade Psicopática (PPP), que corresponde ao Encefalopata lato sensu que, em geral, nas neuroimagens apresentam graves lesões encefálicas, além de distúrbios de conduta, agressividade, elementos da constelação epiléptica, estigmas degenerativos de encefalopatia descritos por Carl Schneider, alteração de inteligência: a inteligência seletiva. A inteligência do verdadeiro psicopata não apresenta nenhuma alteração detectável.








Introdução

O estudo do psicopata tem, conforme salienta Salekin1, sido objeto de um grande número de considerações teóricas e empíricas desde que Phillippe Pinel introduziu o termo há aproxima­damente duzentos anos. Nas últimas décadas, entretanto, um considerável número de pesqui­sas vem contemplando suas variáveis fisiológi­cas, cognitivas, além de uma possível base genética para a sua ocorrência. Achados re­centes têm possibilitado o surgimento de novas concepções etiológicas relacionadas à mani­festação do transtorno, bem como alguns en­tendimentos sobre a sua filogênese.

De um modo bastante específico, este arti­go contempla a compreensão filogenética do psicopata. Parte de uma revisão sistemática de uma série de artigos indexados no PsycINFO, publicados entre 1984 e 2006 sobre tal temáti­ca, bem como de algumas obras já traduzidas para a Língua Portuguesa. Procura, de forma sintética, elucidar alguns aspectos essenciais que caracterizam esse novo paradigma científi­co no campo das investigações psicológicas, explicitando o modo como tais aspectos estão sendo relacionados com diferentes pesquisas voltadas para a psicopatia. Também faz parte do objetivo do presente artigo tecer comentários sobre o valor explanatório desse modelo que, por sua vez, vem alcançando uma progressiva repercussão diante dos diferentes estudos que contemplam o transtorno analisado.

Com base em outros estudos sobre a psicopatia, o artigo procura problematizar os princi­pais pontos enfatizados pela Psicologia Evolu­cionista a respeito dos aspectos filogenéticos relativos à manifestação do próprio transtorno. Uma abordagem desse tipo pode contribuir para o avanço das pesquisas sobre a psicopatia, que têm evidenciado, cada vez mais, a necessidade de uma convergência de análises para melhor ex­plicar os aspectos etiológicos e clínicos do mes­mo


Principais características do Psicopata

De acordo com o DSM-IV-TR2, a caracte­rística essencial do psicopata é um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos alheios, que inicia na infância ou começo da adolescên­cia e continua na idade adulta. O referido ma­nual explicita também o fato de que o diagnósti­co para esse transtorno deve levar em consideração a existência de pelo menos três critérios que, de forma sintética, podem ser descritos como um fracasso em conformar-se às normas legais, uma propensão para enga­nar, impulsividade, agressividade, desrespeito pela segurança própria ou alheia, irresponsabi­lidade que pode estar vinculada ao trabalho ou às finanças, bem como uma ausência de remor­so.
De um modo geral, percebe-se que o trans­torno está diretamente vinculado aos padrões comumente aceitos na sociedade em que vive­mos, sendo que é justamente a manifestação de comportamentos, que está em desacordo com esses padrões, que perfaz o tipo de semiologia, que o caracteriza. Uma sintomatolo­gia que pode também ser compreendida pelo fato de vincular-se a uma ausência de ansieda­de e depressão, que costuma estar presente nos demais indivíduos quando do cometimento de atitudes anti-sociais.

A prevalência do psicopata é baixa na popula­ção geral, sendo que as pesquisas apontam uma incidência de 3% em homens e 1 % em mulheres. No que se refere ao seu prognóstico, alguns estudos ressaltam o fato de que o auge do comportamento anti-social costuma ocorrer no final da adolescência e os sintomas mos­tram-se propensos a diminuir com o decorrer da idade3.

Embora uma meta-análise realizada por Salekin1 ressalte o fato de que há consideráveis possibilidades de que se consolidem tratamen­tos eficazes no tocante à manifestação dos sin­tomas, inúmeros autores4,5 concordam com o fato de que os indivíduos portadores do trans­torno são, em geral, pouco responsivos aos diferentes tipos de tratamentos.


Pressupostos essenciasis da psicologia evolucionista
Conforme ressalta Pinker6, a Psicologia Evolucionista reúne duas revoluções científi­cas, a revolução cognitiva das décadas de 50 e 60 e a Biologia Evolucionista das décadas de 60 e 70. Em termos gerais, esse novo paradigma propõe-se a rever alguns achados da Sociobio­logia, bem como postular sobre os diferentes mecanismos psíquicos que podem ser entendi­dos como resultantes das pressões ambientais encontradas pelos nossos ancestrais num am­biente primitivo. Nesses termos, uma determi­nada tendência psíquica pode muito bem ser explicada com base na sofisticação de algorit­mos que operam dentro de um caráter modular em nosso cérebro, sendo que a sua existência estaria vinculada a um tipo específico de de­manda ambiental7-9. Em outras palavras, a men­te humana seria um design complexo e seus padrões funcionais são, em última análise, res­postas selecionadas pela evolução.

Dentro dessa perspectiva, não somente as emoções humanas são respostas adaptativas, mas também as próprias faculdades cognitivas que perfazem o nosso pensar estariam atrela­das a uma diversidade de mecanismos que foram sendo selecionados ao longo da nossa história10,11. "Ressalta-se ainda, o fato de que para a Psicologia Evolucionista, as adaptações estão essencialmente atreladas a mecanismos de propagação genética, ou seja, vinculam-se sempre à manutenção do próprio código que viabiliza a vida. Nesse sentido, as diferentes tendências psíquicas são, em última instância, explicadas em termos das vantagens e desvan­tagens no que diz respeito àquilo que, a grosso modo, poderia ser entendido como uma espé­cie de 'interesse genético' "12. Conforme ressalta Wright13 servindo-se das palavras de Tooby e Cosmides, somos "executores de adaptações e não maximizadores de aptidões". Em outras palavras, o psiquismo seria tão somente o re­sultado de mudanças fortuitas protagonizadas por um "bioprograma" cujo objetivo maior é a propagação genética.

Um entendimento desse tipo apregoa, por­tanto, que um mecanismo psíquico torna-se manifesto quando se mostra bem sucedido em termos seletivos. Desse modo, uma das áreas que vem ganhando respaldo no campo da Psi­cologia Evolucionista é a chamada Psicopato­logia Evolucionista14, que estuda o modo pelo qual determinados mecanismos tornaram-se disfuncionais na sociedade em que vivemos e considera também o fato de que esses mesmos mecanismos possam ter cumprido um papel verdadeiramente adaptativo num outro contex­to.

Um bom exemplo disso é verificável no caso das fobias específicas. Embora também ocor­ram fobias relacionadas a situações e objetos de baixo potencial ofensivo para a espécie hu­mana, a ocorrência de fobias relacionadas a insetos, fenômenos da natureza e animais é, conforme salientam Siegert & Ward15, conside­ravelmente maior. Dito de outro modo, essa elevada prevalência corresponderia a uma fun­ção adaptativa da espécie, ainda que, num grau exacerbado, possa constituir-se numa patolo­gia específica. De um modo geral, a Psicologia Evolucionista abarca questões desse tipo e pro­põe-se a investigar o psiquismo humano por intermédio de considerações sobre os diferen­tes mecanismos que podem ser entendidos como respostas selecionadas4. Salienta-se ain­da o fato de que compreensões como essa vêm sendo direcionadas para a psicopatia.


Concepções evolucionistas sobre o psicopata
Existem hoje boas evidências de que a psicopatia esteja associada a uma série de regula­dores biológicos. Estudos desenvolvidos por Stalenheim & cols.16 encontraram uma correlação significativa entre psicopatia e um ele­vado nível de testosterona nestes indivíduos. Algumas pesquisas investigando a ação da monoaminaoxidase (MAO) têm demonstrado a possibilidade que esta possa servir como um marcador biológico para uma série de traços anti-sociais da perso­nalidade17,18. Ainda que, conforme Stalenheim seja necessário um maior número de investigações envolvendo a relação desta subs­tância com a psicopatia propriamente dito, seria possível pensar na sua ação, em termos de um fator combinado no que diz respeito à própria etiologia do transtorno. De um outro modo, um número significativo de pesquisas tem explici­tado um funcionamento alterado em certas estruturas centrais que estariam diretamente en­volvidas na manifestação da psicopatia. Estas regiões incluem o córtex órbito-frontaI19, o cór­tex pré-frontaI20, as diferentes estruturas do sistema límbico21-23. Dentro dessa perspectiva, se­ria possível considerar que algumas regularidades orgânicas observadas nos casos de manifestação da psicopatia podem estar também atreladas a fatores genéticos, conforme indi­cam as pesquisas feitas por Cadoret & cols.24 e as asserções de McGuire & cols.25 De um amplo modo, evidências desse tipo mostram-se su­gestivas no tocante a uma hipótese biológica para a etiologia da psicopatia. Uma hipótese que, por seu turno, pode ir ao encontro do próprio paradigma evolucionista.

Isso equivale a dizer, que um entendimento baseado na Psicologia Evolucionista sobre a psicopatia sustenta-se, antes de tudo, na idéia de que deve existir uma transmissibilidade genéti­ca para certos mecanismos que caracterizam o transtorno. De um outro modo, a concepção evolu­cionista procura elucidar não apenas o substrato biológico para a sua ocorrência, mas também os pressupostos adaptativos que justi­ficariam a sua manifestação em termos filoge­néticos. Dito de outra forma, alguns autores26-29 têm sustentado a idéia de que o próprio padrão invasivo de desrespeito e violação aos direitos alheios, que a caracteriza, estaria atrelado a uma série de funções adaptativas, ainda que tais funções possam, em termos de seleção natural, mostrar-se dependentes da freqüên­cia com que se manifestam29.

A seleção dependente de freqüência é per­feitamente verificável em ambientes sociais bem menos sofisticados do que aqueles em que os nossos ancestrais realizavam suas pri­meiras interações. Ela ocorre, por exemplo, no caso dos peixes lepômis em que, por sua vez, também há certa prevalência de lepômis "anti-sociais". Nesse sentido, conforme explici­ta Wright13, existem peixes lepômis que espa­lham uma enorme quantidade de ovos para serem fertilizados e mostram-se perfeitamente responsáveis no que tange aos cuidados dirigi­dos à própria fertilização. De um outro modo, os lepômis "anti-sociais" apenas fazem uso da dedicação alheia, deixando seus próprios ovos para serem fertilizados pelos peixes mais colaborativos e menos atentos às manobras dos outros peixes.

Numa organização social bastante simples como essa, a seleção dependen­te de freqüência é perfeitamente verificável, uma vez que um considerável aumento na pro­porção de lepômis "anti-sociais" corresponde­ria a um abalo na própria organização geradora e mantenedora desses peixes. De outro modo, entendimentos como esse mostram-se condi­zentes com a própria taxa de prevalência da psicopatia na sociedade atual que, conforme salien­tado, é baixa.

A questão do papel adaptativo que os sin­tomas anti-sociais poderiam desempenhar es­taria vinculada à própria função que o compor­tamento altruísta desempenha em termos de interação social. Numa concepção evolucionis­ta, o altruísmo emergiu em larga escala na es­pécie humana diante do fato de que nossos ancestrais teriam protagonizado um jogo social com soma diferente de zero13,30. Ou seja, no âmbito da Psicologia Evolucionista, a chamada Teoria dos Jogos preconiza que as atitudes pró-­sociais, embora impliquem custos individuais, mostraram-se adaptativas na medida em que a inserção social fez-se necessária para a sobre­vivência individual, gerando, dessa forma, um ambiente onde a doação virou também sinôni­mo de recebimento.

No que se refere às trocas sociais, o comportamento altruísta acabou, portanto, sendo favorecido pela lógica evolucionis­ta e emergindo em estrutura cerebral que se tornou apta a levar em conta os custos e bene­fícios do seu emprego. Ceder algo em termos materiais, ou engajar-se em ações objetivando o benefício alheio, tornou-se, de acordo com esse entendimento, o mesmo que gerar uma possibilidade de ganhos futuros num jogo so­cial em que a soma é sempre diferente de zero. Em função de uma dinâmica social desse tipo, foram então fomentados dispositivos neurocog­nitivos capazes de engendrar o comportamento altruísta fundamentado, por sua vez, na capaci­dade de compreender e solidarizar-se com o outro. Tomando como base as palavras de Wright13, o altruísmo seria, portanto, também um tipo de adaptação que executamos­

Por outro lado, os indivíduos portadores de psicopatia não se mostram responsivos aos senti­mentos alheios e tendem a não se engajar em atitudes pró-sociais. De uma forma ou de outra, tais indivíduos demonstram, em termos men­tais, não estarem aptos a contabilizar as vanta­gens do comportamento altruísta, apresentan­do assim uma sintomatologia que se mostra mais atrelada a um imediatismo e a uma dificul­dade em retardar a recompensa. Também de acordo com um entendimento evolucionista so­bre a manifestação da psicopatia, esse conjunto de sintomas não chega a constituir-se numa dis­função em termos adaptativos.

Ou seja, levan­do em consideração a idéia de uma "seleção dependente de freqüência", alguns autores en­fatizam que a evolução permitiu que pudesse ocorrer a transmissão de genes capazes de gerar "designs biológicos" propensos a não exe­cutar uma dose razoável de comportamentos altruístas. Nesse sentido, o psicopata manifestar­-se-ia por intermédio de uma série de regularidades orgânicas que podem representar uma disfunção no tocante aos padrões sociais acei­tos, no entanto, em termos evolutivos, encon­tram uma possibilidade de manifestação dependente do próprio grau de ocorrência verificado na espécie. Nesses termos, o enten­dimento vinculado à Psicologia Evolucionista e, mais especificamente, à Psicopatologia Evolucionista, estabelece que os indivíduos anti-so­ciais também executariam adaptações, ainda que, em termos sociais, sua tendência compor­tamental possa ser compreendida como uma disfunção.

O aspecto salutar de um entendimento so­bre o papel adaptativo do psicopata sustenta-se no pressuposto de que os indivíduos portadores do citado transtorno não apresentariam um dé­ficit em termos de processamento das informa­ções sociais. De outro modo, o que os portado­res do transtorno conseguem fazer com êxito é justamente manipular os estados mentais alhei­os, ainda que se mostrem indiferentes aos sen­timentos que conseguem detectar nos outros. Ou seja, os psicopatas, de acordo com esse entendimento, diferem-se dos demais pelo fato de estar, em termos adaptativos, mais capacitados para um tipo de manipulação voltada à obtenção de vantagens exclusiva­mente pessoais. Se por um lado o comporta­mento altruísta resulta, para alguns teóricos da Psicologia Evolucionista, de um mecanismo evolutivamente desenhado visando à obtenção de vantagens indiretas, por outro, a sintomato­logia anti-social resulta de um design mental voltado tão somente à obtenção de vantagens diretas nos ambientes sociais em que os orga­nismos humanos evoluíram29.


Considerações evolucionistas do psicopata
Em termos gerais, pode-se dizer que os estudos que vêm sendo sustentados pela Psi­cologia Evolucionista mostram-se fecundos no que diz respeito à explicação de uma diversida­de de mecanismos mentais. De fato, uma com­preensão ampla sobre o psiquismo humano deve levar em conta, tal como salienta Pinker6, as pressões ambientas e o caráter emergente de certos mecanismos psíquicos como uma res­posta selecionada diante dessas mesmas pres­sões. Seria ingênuo pensarmos que todos os organismos vivos estiveram submetidos a uma lógica evolutiva, sendo que o ser humano teria sido uma exceção nesse mesmo processo, sen­do que faz-se necessário considerar sempre as alterações verificadas no próprio ambiente so­cial ao longo da nossa história evolutiva.

Por outro lado, os entendimentos sobre a psicopatia, que estiveram fundamentados na Socio­biologia e, mais recentemente, na Psicologia Evolucionista26-29 deparam-se com questões que não podem ser elucidadas levando-se em conta apenas uma compreensão sobre o cará­ter adaptativo do próprio transtorno. Em outras palavras, uma coisa seria afirmar que alguns transtornos mentais podem decorrer de meca­nismos adaptativos, que ocorrem num grau exacerbado, outra coisa seria dizer, que todos os transtornos psíquicos expressam adaptações, que continuamos a executar no ambiente atual. Indubitavelmente, esse parece ser um problema que merece melhores investigações no campo da chamada Psicopatologia Evoluci­onista.

No caso específico da psicopatia, é preciso con­siderar, por exemplo, o fato de que o transtorno não decorre exclusivamente de fatores geneti­camente determinados. Uma série de pesqui­sas tem conseguido evidenciar a influência de fatores ambientais no tocante à própria mani­festação do transtorno31. Mealey29, que propõe um modelo evolucionista integrado para a psicopatia, também considera tais fatores como sen­do importantes. A questão, entretanto, é que a autora chega a postular a existência de dois tipos diferenciados de sociopatia, sendo que haveria um tipo primário e determinado em ter­mos de genótipo e um tipo secundário resultan­te da influência ambiental. Ou seja, a sociopatia primária poderia ser explicada dentro de uma lógica evolucionista e estaria sujeita a uma "se­leção dependente de freqüência" e a sociopatia secundária seria um quadro gerado por inter­médio das interações e vivências, que se mos­tram propensas a influenciar a formação da personalidade.

Percebe-se, dessa forma, que a autora pro­cura, através de categorizações distintas, abar­car o fato de que a psicopatia não parece decorrer de fatores exclusivamente genéticos. No entan­to, se considerarmos uma série de pesquisas vinculadas à mensuração da psicopatia que vêm sendo sustentadas pela utilização do PCL-R (Psychopathy Checklist Revised)33,34, é possí­vel constatar que, de fato, ocorrem diferenças em termos da manifestação do transtorno, mas são diferenças que se referem ao próprio grau em que os sintomas estão presentes. Dito de outro modo, uma avaliação mais criteriosa da prevalência da psicopatia leva-nos a perceber, que o transtorno manifesta-se muito mais em termos de um contínuo, que abrange situações extre­mas, bem como situações limítrofes, do que propriamente em termos de categorias distin­tas. Por que deveríamos pensar, que existe no que diz respeito a essa distinção gradual, indi­víduos cujos sintomas decorrem exclusivamen­te de fatores genéticos e outros cujos sintomas decorrem exclusivamente de fatores ambien­tais? Não seria mais plausível pensarmos, que o mesmo transtorno vincula-se a fatores tanto ambientais como genéticos, sendo que o grau em que os sintomas fazem-se presentes irá depender da forma como tais fatores estão con­jugados?

A questão da "seleção dependente de fre­qüência" é um outro ponto problemático da teo­ria de Mealey29. Numa resposta ao artigo de Mealey, Wilson29 sustenta, por exemplo, o fato de que a psicopatia, mesmo decorrendo de fatores exclusivamente genéticos, poderia não ser adaptativo tal com apregoa Mealey (1995)29 e outros autores26. Se considerarmos uma época remota e pensarmos nas sociedades de coleta e caça, é possível constatar que o fato de nos­sos ancestrais terem vivido em pequenos gru­pos fazia com que a manifestação de comporta­mentos anti-sociais fosse sinônimo de uma não-adaptação muito mais do que é hoje. Ou seja, num ambiente hostil, a coesão grupal mostra­va-se verdadeiramente imprescindível e uma reputação negativa tinha, num grupo pequeno, um preço bem mais alto que tendia a resultar em exclusão. Onde há exclusão há, com certe­za, menos possibilidades reprodutivas. A "sele­ção dependente de freqüência" é, no tocante a muitas espécies, uma fato verificável, mas ela só ocorre quando a manifestação de um dado comportamento, em baixa freqüência, não afeta a própria organização intra-grupo. No caso de uma sintomatologia anti-social no ambiente pri­mitivo, mesmo ocorrendo com baixa freqüên­cia, ela afetaria negativamente o mesmo. Por outro lado, poderia ser adaptativa, mas em si­tuações anteriores em que houvesse um indivi­dualismo maior. A agressividade, a rapidez e o "sangue frio" do sociopata mostrar-se-iam, nes­se sentido, adequados para enfrentar a hostili­dade.

De outro modo, como explicar a capacida­de que os indivíduos com psicopatia possuem para manipular os estados mentais alheios? De um modo geral, desenvolveu-se na espécie huma­na aquilo que se costuma chamar de "teoria da mente"34. Em outras palavras, uma capacidade para inferir sobre os estados mentais alheios favorecida pela evolução. Ao contrário do que apregoam alguns modelos exclusivamente cog­nitivos que se voltam para a psicopatia, os indiví­duos com o citado transtorno estão realmente aptos a inferir e manipular as expectativas alheias, e isso depende de uma capacidade para "teorizar" sobre a mente do outro. No en­tanto, a questão central vincula-se ao fato de que eles utilizam funções adaptativas com ob­jetivos decorrentes de sintomas não-adaptati­vos. A "teoria da mente" pode realmente ser uma capacidade fomentada pela evolução, mas os indivíduos com psicopatia diferem-se dos demais pelo fato de utilizar essa mesma capacidade de um modo que vai ao encontro do próprio quadro disfuncional que neles está presente. Ou seja, inferem sobre os estados mentais alheios com o propósito de obter ganhos exclu­sivamente pessoais, tendo em vista que não estão mentalmente propensos a contabilizar os ganhos sociais indiretos que o comportamento altruísta pode gerar. Nesse sentido, alguns pos­tulados da Psicologia Evolucionista podem ser elucidativos para uma melhor compreensão da psicopatia; em contrapartida, isso não nos leva, necessariamente, a acreditar que o transtorno seja uma adaptação e, menos ainda, uma adap­tação que se mostrou, ao longo da nossa histó­ria evolutiva, dependente da sua freqüência.

A questão de uma base genética para a psicopatia realmente nos faz pensar que a sua ocor­rência esteja atrelada a uma lógica evolutiva. O problema é que essa lógica pode ter operado muito antes de termos nos tornado o que so­mos. Os fatores biológicos propriamente ditos podem, nesse sentido, ter sido bem mais atuan­tes do que são hoje. Dito de outro modo, desen­volveu-se na espécie humana, uma ampla ca­pacidade representacional capaz de conferir novas orientações para tendências que outrora foram o resultado exclusivo de regularidades endócrinas e fisiológicas.

Na medida em que acabamos desenvol­vendo uma sofisticação cognitiva largamente capacitada para processar informações am­bientais e alocá-Ias, gerando formas específicas de interagir, deixamos de ser aquilo que a genética determina, ainda que nunca tenhamos deixado de receber as suas influências. Nesses termos, a psicopatia pode ter decorrido, num passa­do bastante remoto, exclusivamente de um de­terminismo biológico e, nesse sentido, alguns entendimentos mencionados são válidos. Por outro lado, seria difícil designarmos a sua ocorrência como um transtorno propriamente dito e mais difícil ainda classificá-Io como "anti-so­cial". Em pesquisas realizadas, por exemplo, com macacos Rhesus sabe-se que a simples alteração dos níveis de testosterona é, por si só, capaz de gerar comportamentos anti-so­ciais35. No entanto, será que podemos dizer que esses animais e uma série de primatas não­-humanos, no pleno sentido do termo, vivem em sociedade?

De um modo geral, essa discussão mostra­-se bastante ampla. No entanto, a funcionalida­de do próprio comportamento altruísta sugere que a manifestação de comportamentos anti­ssociais não pode ser considerada adaptativa, seja na sociedade em que vivemos, seja na sociedade em que nossos ancestrais passaram a viver após o advento de uma maior capacida­de intelectual na espécie. De acordo com inú­meros estudiosos da evolução do intelecto36, o seu desenvolvimento foi fomentado pela pró­pria conivência na esfera social. Uma convivên­cia que também esteve encarregada de sele­cionar repertórios comportamentais, que se mostraram mais adequados. O fato de que um repertório comportamental tenha sido privilegi­ado ao longo do processo evolutivo não signifi­ca, entretanto, que qualquer outro tenha sido extinto. A ocorrência da psicopatia pode, nesse âm­bito, resultar de uma combinação de fatores ambientais com genótipos que vêm sendo transmitidos ao longo da nossa história evoluti­va, ainda que os "designs psíquicos" por eles sustentados nunca tenham representado uma adaptação social no seu verdadeiro sentido.

De outro modo, é também preciso conside­rar o fato de que a abordagem evolucionista sobre a psicopatia ainda poderá mostrar-se bastan­te elucidativa, na medida em que os entendi­mentos sobre a função do comportamento al­truísta na esfera social forem ampliados. Nesse sentido, revelar-se-ão pertinentes estudos que abordem a filogênese de alguns valores morais e sociais amplamente sustentados ao longo da nossa história, ainda que, para tanto, seja sem­pre necessário levar em consideração as pró­prias influências culturais. A Psicologia Evolu­cionista pode explicitar melhor as raízes de alguns valores socialmente aceitos, sem que isso signifique reduzi-Ios a uma compreensão exclusivamente biológica. Nesse sentido, faz­-se ainda necessário um maior entendimento sobre os indivíduos que se mostram propensos a infringir as regras básicas de convivência e a agirem em desacordo com os próprios valores referidos. Uma melhor compreensão dos mui­tos comportamentos que podem ou não ser considerados adaptativos ao longo da nossa história pode, por si só, vir a esclarecer uma série de sintomas vinculados à psicopatia e, desse modo, ainda que os estudos mencionados te­nham sustentado argumentos questionáveis, ti­veram o mérito de provocar reflexões oportu­nas.


Conclusões

Até o presente momento, a etiologia da psicopatia não foi devidamente esclarecida já que antes teríamos de saber como se dá a relação cérebro-mente, mas uma série de pesquisas tem mostrado a possibilida­de de que a psicopatia seja melhor explicada em ter­mos de uma combinação de fatores37. De outro modo, um entendimento sobre a filogênese do transtorno deve levar em conta o fato de que a manifestação da psicopatia não decorre de um fator isolado. Sendo assim, não é passível de ser explicada em termos de uma lógica evolutiva que apregoa o caráter adaptativo do transtorno.
Muitos transtornos psíquicos podem ser entendidos como mecanismos adaptativos cujo grau em que estão presentes representa, no ambiente atual, uma disfunção. Este, entretan­to, não parece ser o caso da psicopatia. O transtor­no não poderia, nesse sentido, ser explicado como um design biológico selecionado para uma exclusiva obtenção de vantagens diretas, uma vez que a própria socialização humana sempre prescindiu de mecanismos mentais ca­pazes de engendrar o comportamento colabo­rativo.

Uma melhor compreensão sobre a funcio­nalidade do comportamento altruísta e dos me­canismos neurocognitivos que lhe dão susten­tação poderá, de outra forma, vir a ser esclarecedora para uma série de sintomas do psicopata. Nesses termos, poderá ser melhor com­preendida a notória incapacidade que os indiví­duos portadores do transtorno possuem para gerar atitudes pró-sociais. Faz-se necessário, portanto, um maior esclarecimento evolutivo sobre o próprio caráter não adaptativo dos sin­tomas que perfazem o transtorno, tendo em vista que, este, ao contrário do que sustentam alguns autores26-29, não demonstra ser um tipo de adaptação com um grau específico de pre­valência na atualidade.


Dr. Douglas Araújo - Medico forense

MORTE SUBITA EM ADULTOS

 Morte súbita entre adultos jovens é geralmente ligada ao uso de cocaína ou abuso de metadona, mas um novo estudo mostra que mais de metade destas mortes é resultado de causas naturais.
“Presume-se que muitas das mortes em pessoas mais jovens são relacionadas a drogas – especialmente quando há uma história de uso de drogas e uma autópsia não é realizada”, relatou Zhaohai Yang, médico residente no Departamento de Patologia, University of Alabama em Birmingham, em uma sessão de pôster aqui no Encontro Anual de 2007 da American Society for Clinical Pathology (ASCP).
“O estudo foi realizado para entender as causas de morte súbita inexplicada entre adultos jovens e descobrimos que pelo menos metade não foi relacionada a drogas”, contou o Dr. Yang ao Medscape Pathology.
O estudo de caso de autópsia com duração de 3 anos identificou causas anatômicas de mortes em indivíduos jovens (com ≤40 anos) sem doença médica de conhecimento significante que sofreram morte súbita inesperada não-traumática.
De acordo com os Relatórios Nacionais de Estatísticas Vitais publicados em março de 2007, os pesquisadores relataram que acidentes são a maior causa de morte em indivíduos com idades entre 15 e 44 anos, contabilizando 19% a 49% do total de mortes. Dos 781 casos revisados nesta série, 22 casos (17 homens e 5 mulheres entre 14-40 anos) se encaixavam nos critérios do estudo.
Dos 22 casos, 45% morreram de intoxicação por drogas e 55% por causas naturais. Embora a doença arterial coronariana tenha contabilizado 27% das mortes relacionadas ao coração, anomalias cardíacas congênitas, doença do sistema de condução, e leves anomalias cardíacas estruturais foram os principais achados em 73% das mortes relacionadas ao coração.
Dez mortes (45%) na série tiveram um exame de triagem de drogas positivo para drogas ilícitas e a toxicidade das drogas foi considerada a maior causa de morte. Causas anatômicas foram identificadas nos 12 casos (55%) restantes.
Doença cardíaca foi a causa de morte número um, contabilizando 11 mortes (50%).  Houve 3 mortes por doença arterial coronariana/infarto agudo do miocárdio, 5 por fibrose do miocárdio/cardiomegalia sendo as mortes provável por arritmia cardíaca, uma morte por cardiomiopatia (sarcoidose sistêmica com envolvimento extenso do coração) e duas mortes por doença cardíaca congênita (uma morte por valva aórtica bicúspide e ausência de artéria coronária circunflexa esquerda e uma por displasia da artéria do nódulo atrioventricular).
Uma pessoa morreu de tromboembolismo pulmonar.
“A se notar, uma história positiva de drogas foi relatada em 8 casos; 6 destes indivíduos morreram de intoxicação por drogas, mas 2 possuíam exame de triagem de drogas negativo e morreram por causas naturais”, escreveram em seu resumo o Dr. Yang e a autora sênior Stephanie D. Reilly, médica, também da Univerity of Alabama. “Mesmo em pacientes com história de abuso de drogas, uma parcela significante tinha uma condição médica não suspeita como causa de morte.”
Além disso, 4 pacientes que possuíam história negativa de drogas tiveram uma morte relacionada ao uso de drogas.
“Isto significa que uma história de droga negativa não exclui a toxicidade por droga como uma possível causa de morte”, contou a Dra. Reilly ao Medscape Pathology.
“Entre as drogas detectadas, a cocaína e o diazepam são bem conhecidos por apresentar toxicidade cardíaca, enquanto a metadona altera o intervalo QTc”, os pesquisadores escreveram no pôster. “Anomalias cardíacas leves foram detectadas naqueles que morreram por abuso de drogas; entretanto, não se sabe se elas apresentaram um efeito aditivo”.
O Presidente da ASCP Lee Hilborne, médico e professor de patologia e análises clínicas na David Geffen School of Medicine da University of California, em Los Angeles, disse em uma entrevista ao Medscape Pathology que “Um dos valores da autópsia é que ela pode identificar a causa de morte e revelar achados médicos que podem não ter sido levados em consideração durante a vida da pessoa e que podem ajudar a família”.
Embora um pouco mais de metade das mortes serem resultado de problemas médicos não detectados, ele disse “o resto foi relacionado a drogas – você não pode ignorar que estas drogas tiveram conseqüências adversas diretas”.

Dr. Douglas Araújo  -  Médico legista

domingo, 17 de abril de 2011

SINTOMAS DA ESQUIZOFRENIA !!!

Sua freqüência na população em geral é da ordem de 1 para cada 100 pessoas, havendo cerca de 40 casos novos para cada 100.000 habitantes por ano. No Brasil estima-se que há cerca de 1,6 milhão de esquizofrênicos; a cada ano cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela primeira vez. Ela atinge em igual proporção homens e mulheres, em geral inicia-se mais cedo no homem, por volta dos 20-25 anos de idade, e na mulher, por volta dos 25-30 anos.  
Quais os sintomas?  
A esquizofrenia apresenta várias manifestações, afetando diversas áreas do funcionamento psíquico.  Os principais sintomas são: 
1. delírios: são idéias falsas, das quais o paciente tem convicção absoluta. Por exemplo, ele se acha perseguido ou observado por câmeras escondidas, acredita que os vizinhos ou as pessoas que passam na rua querem lhe fazer mal. 
2. alucinações: são percepções falsas dos órgãos dos sentidos. As alucinações mais comuns na esquizofrenia são as auditivas, em forma de vozes. O paciente ouve vozes que falam sobre ele, ou que acompanham suas atividades com comentários. Muitas vezes essas vozes dão ordens de como agir em determinada circunstancia. Outras formas de alucinação, como visuais, táteis ou olfativas podem ocorrer também na esquizofrenia. 
3. alterações do pensamento: as idéias podem se tornar confusas, desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do paciente difícil de compreender. Muitas vezes o paciente tem a convicção de que seus pensamentos podem ser lidos por outras pessoas, ou que pensamentos são roubados de sua mente ou inseridos nela.  
4. alterações da afetividade: muitos pacientes tem uma perda da capacidade de reagir emocionalmente às circunstancias, ficando indiferente e sem expressão afetiva. Outras vezes o paciente apresenta reações afetivas que são incongruentes, inadequadas em relação ao contexto em que se encontra. Torna-se pueril e se comporta de modo excêntrico ou indiferente ao ambiente que o cerca. 
5. diminuição da motivação: o paciente perde a vontade, fica desanimado e apático, não sendo mais capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia. Quase não conversa, fica isolado e retraído socialmente.  
Outros sintomas, como dificuldade de concentração, alterações da motricidade, desconfiança excessiva, indiferença, podem aparecer na esquizofrenia. Dependendo da maneira como os sintomas se agrupam, é possível caracterizar os diferentes subtipos da doença. A esquizofrenia evolui geralmente em episódios agudos onde aparecem os vários sintomas acima descritos, principalmente delírios e alucinações, intercalados por períodos de remissão, com poucos sintomas manifestos.  
Qual é a causa da esquizofrenia? 
Não se sabe quais são as causas da esquizofrenia. A hereditariedade tem uma importância relativa, sabe-se que parentes de primeiro grau de um esquizofrênico tem chance maior de desenvolver a doença do que as pessoas em geral. Por outro lado, não se sabe o modo de transmissão genética da esquizofrenia. Fatores ambientais (p. ex., complicações da gravidez e do parto, infecções, entre outros) que possam alterar o desenvolvimento do sistema nervoso no período de gestação parecem ter importância na doença. Estudos feitos com métodos modernos de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética mostram que alguns pacientes tem pequenas alterações cerebrais, com diminuição discreta do tamanho de algumas áreas do cérebro. Alterações bioquímicas dos neurotransmissores cerebrais, particularmente da dopamina, parecem estar implicados na doença.  
Como se diagnostica a esquizofrenia? 
O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a partir das manifestações da doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório (exame de sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc.) que permita confirmar o diagnóstico da doença. Muitas vezes o clínico solicita exames, mas estes servem apenas para excluir outras doenças que podem apresentar manifestações semelhantes à esquizofrenia.  
Como se trata a esquizofrenia? 
O tratamento da esquizofrenia visa ao controle dos sintomas e a reintegração do paciente. O tratamento da esquizofrenia requer duas abordagens: medicamentosa e psicossocial. O tratamento medicamentoso é feito com remédios chamados antipsicóticos ou neurolépticos. Eles são utilizados na fase aguda da doença para aliviar os sintomas psicóticos, e também nos períodos entre as crises, para prevenir novas recaídas. A maioria dos pacientes precisa utilizar a medicação ininterruptamente para não ter novas crises. Assim o paciente deve submeter-se a avaliações médicas periódicas; o médico procura manter a medicação na menor dose possível para evitar recaídas e evitar eventuais efeitos colaterais. As abordagens psicossociais são necessárias para promover a reintegração do paciente à família e à sociedade. Devido ao fato de que alguns sintomas (principalmente apatia, desinteresse, isolamento social e outros) podem persistir mesmo após as crises, é necessário um planejamento individualizado de reabilitação do paciente. Os pacientes necessitam em geral de psicoterapia, terapia ocupacional, e outros procedimentos que visem ajudá-lo a lidar com mais facilidade com as dificuldades do dia a dia.  
Como os familiares podem colaborar com o paciente? 
Os familiares são aliados importantíssimos no tratamento e na reintegração do paciente. é importante que estejam orientados quanto à doença esquizofrenia para que possam compreender os sintomas e as atitudes do paciente, evitando interpretações errôneas. As atitudes inadequadas dos familiares podem muitas vezes colaborar para a piora clínica do mesmo. O impacto inicial da noticia de que alguém da família tem esquizofrenia é bastante doloroso. Como a esquizofrenia é uma doença pouco conhecida e sujeita a muita desinformação as pessoas se sentem perplexas e confusas. Freqüentemente, diante das atitudes excêntricas dos pacientes, os familiares reagem também com atitudes inadequadas, perpetuando um circulo vicioso difícil de ser rompido. Atitudes hostis, criticas e superproteção prejudicam o paciente.

DR. Douglas de Araújo - MEDICO LEGISTA

jueves, 7 de abril de 2011

Morte Subita

Morte SubitaA morte súbita é a que ocorre sem ser esperada, tanto em pessoas doentes como sadias. A morte se dá durante à primeira hora, entre o início dos sintomas até ser constatado o óbito. Note-se bem: é considerada morte súbita se não forem encontrados sinais de violência ou trauma.
Se a pessoa é encontrada morta dentro das primeiras 24 horas depois da última vez em que foi vista com vida, isto também é considerado como sendo morte súbita.
A morte súbita ocorre tanto em crianças recém nascidas como em adultos. Em crianças é mais freqüente nas primeiros três meses e é rara depois do sexto mês de vida. Está provavelmente relacionada a fatores genéticos hereditários, sendo mais freqüente em filhos de mães fumantes.
Nos jovens e adultos, sedentários ou atletas, a grande maioria dos caso de morte súbita acontece por doenças do coração. Sejam elas conhecidas ou não pelos portadores ou pessoas de suas relações, podem ser congênitas, degenerativas, inflamatórias, infeciosas, provocadas por reflexos nervosos, tóxicas ou por excesso de atividades físicas. Em alguns casos podemos encontrar a soma destes fatores causando a morte. No passado, as mortes súbitas eram consideradas as que aconteciam de surpresa em pessoas tidas como normais. Seriam as mortes inexplicáveis.
Com a ampliação dos conhecimentos médicos, a melhora dos recursos de diagnóstico, como a realização de exames nos corpos de pessoas que morreram repentinamente, o leque de diagnósticos que esclarecem estas mortes vai se ampliando. Setenta e cinco porcento das vítimas de morte súbita têm doença isquêmica, por arteriosclerose, do coração. Não se sabe porquê, a grande maioria destas pessoas morrem nas primeiras horas da manhã.
Se tivermos a oportunidade de assistir a morte súbita de alguém, podemos observar que a vítima se estiver de pé, se inclina para a frente, dobra levemente os joelhos, antes de desabar flácida ao chão. Isto é útil saber para que os assistentes corram a fim de socorrer a vítima, pois os minutos inicias são os que ainda oferecem a possibilidade de salvamento. Este é um detalhe a observar, importante a quem assiste à atividades esportivas, onde as quedas dos atletas são freqüentes e que vão desde as simuladas, as justificáveis até as fatais.
As mortes súbitas, na grande maioria dos casos, são provocadas por arritmias do ciclo cardíaco. Em primeiro lugar, está a fibrilação ventricular que costuma ser precedida de taquicardia ventricular. Outras arritmias que podem provocar a morte súbita são os bloqueios aurículo ventriculares e paradas sinusais. Todas estas arritmias levam a uma queda do rendimento cardíaco, faltando sangue no cérebro, o órgão mais sensível à falta de oxigênio e que em poucos segundos faz com que a pessoa perca a consciência. Quando acontecer uma parada cardíaca ou uma arritmia severa e a pessoa perder a consciência, já com morte aparente, nos primeiros minutos a vítima ainda pode ser recuperada, ser chamada de volta à vida, SE ATENDIDA PRONTAMENTE..
Este atendimento deve seguir certas regras essenciais. O atendimento deve ser rápido e eficaz, para o quê se exige treinamento, contar com o recurso de medicamentos e aparelhos à disposição, e de pessoas capacitadas para usá-los.
As arritmias cardíacas, e as conseqüentes mortes súbitas, podem resultar da soma de fatores que as provocam. Assim, um coração previamente doente poderá apresentar uma arritmia fatal se exposto a esforços desproporcionais ou a certos medicamentos ou drogas. São cada vez mais freqüentes as mortes súbitas em pessoas tidas como sadias quando estão sob o efeito da cocaína ou Ecstasy.
Nestes casos, a morte súbita pode ser explicada pelo efeito tóxico destas drogas sobre o coração, pelo efeito vaso-constritor sobre as coronárias, mais o esforço da dança ou outra atividade física. Outras mortes súbita podem ser provocadas por reflexos vagais. Exemplos são as mortes causadas por traumatismos nos testículos, ou os famosos socos no chamado plexo solar, que pode provocar a morte em praticantes do boxe. Um traumatismo no tórax, na altura do precórdio, pode causar a morte. O exemplo seria o do jogador de futebol quando a bola lhe bate no peito justamente naquele momento em que o coração terminou a sístole - o sangue refluindo e distendendo a válvula aórtica. Se, justamente neste momento, acontecer o impacto violento da bola no peito, isto pode causar a laceração desta válvula. Por este motivo, recomenda-se aos goleiros que usem a camisa forrada.
Medicamentos, mesmo os tidos como inocentes - os descongestionantes nasais ou os usados para emagrecer -, ou os que atuam no sistema nervoso - os estimulantes ou antidepressivos-, ou ainda, certos medicamentos para tratar doenças cardíacas, podem provocar arritmias graves e que podem ser fatais.
A prática de esforços extremos pode estar relacionada com a morte súbita. O termo extremo não tem o mesmo significado para todas as pessoas. Tudo depende do condicionamento de quem pratica o esforço, ou se houver ou não uma doença conhecida. Uma pessoa doente do coração, ao se submeter a um esforço exagerado, para ela, pode vir a morrer. Um exemplo seria o daquela pessoa acometida de doença isquêmica do coração, conhecida ou não, que morre durante o ato sexual.
Lembremo-nos do herói grego, o soldado Filipides, patrono da maratona que, em 490 antes de Cristo, depois de correr os 42 quilômetros para participar ao seu chefe, Milciades, a notícia da vitória dos gregos sobre os persas, na batalha de Maraton, deu a notícia e caiu morto.
Foi uma morte súbita que, na época, emocionou os guerreiros gregos, e que até hoje a humanidade lembra.